Estamira: louca, porém lúcida
Estamira
é um documentário que nos provoca e nos induz a uma reflexão sobre as condições
de desigualdades existentes em nossa sociedade e sobre as idéias de loucura e
miséria presentes em nossa realidade.
Estamira
é uma senhora que apesar de ser diagnosticada com distúrbios mentais, tem uma
visão impressionante da realidade, que nos interessa, pois os assuntos
retratados por ela tem fundamentos que faz parte do nosso cotidiano, são
questões religiosas, sociais, enfim temas que nos inquietam.
O
documentário fala sobre acontecimentos marcantes na vida de Estamira,
acontecimentos esses, que sugerem explicações para o estado mental dela.
Traição, estupro, maus tratos, tantas desilusões levaram Estamira ao delírio,
loucura que a levou a renegar Deus, que antes tinha um significado importante
pra ela, uma renegação como se o culpasse de não ter evitado tantos
acontecimentos desastrosos na vida dela.
Após
tantos transtornos, Estamira passou a ter alucinações, tentando assim escapar
do que viveu no passado. Com uma vida cheia de problemas ela foi forte e como
uma filósofa afirma ter uma missão, que é revelar a verdade ao mundo. Para ela
“Estamira” está em todo lugar, é uma forma de ver o mundo. Como uma filósofa
brilhante faz uma reflexão sobre as condições desumanas em que ela e todos do
lixão vivem. Acreditando que a sociedade é desigual, defende a idéia de que a
sociedade deveria ser igualitária, comunista. Sobre o trabalho, ela nos leva a
pensar sobre as condições em que muitos são sujeitos, em que muitos trabalham
feito escravos, se sacrificando. Na filosofia dela “sacrifício é uma coisa,
agora trabalhar é outra coisa... Eu Estamira é que vos digo ao mundo inteiro, a
todos, trabalhar não sacrificar”.
Estamira
é uma lição de vida, porque tudo que ela passou, a miséria, a loucura foi fruto
da questão social. Realmente Estamira foi uma mulher brilhante, e como disse a
mesma: “Sou louca, sou doida, sou maluca, sou azuada. Sou essas quatro coisas.
Porém lúcida e ciente sentimentalmente”.
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